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A Caixa dentro da caixa

Para um mundo novo onde as pessoas clamam pela desconstrução de estereótipos e quebra de paradigmas, ainda estamos criando moldes e caixas.

Muitos textos em portais e blogs nos “ensinam” e “aconselham” sobre diversos assuntos decretados como essenciais para nos desconstruir, mas ao mesmo tempo listam “as fases de um relacionamento” ou “10 coisas para se fazer na cama” colocando no potinho moldado o melhor a se fazer.

Não existem regras quando estamos lidando com outro ser humano. Além do respeito, da empatia e dos limites que a própria pessoa nos ensina, cada relação criará suas próprias integrações, sua maneira de ser, de começar, desenvolver e acabar.

Não existem fases encaixotadas de um relacionamento, às vezes somos tomados por paixões avassaladoras que duram para sempre, às vezes terminam antes da primeira taça de vinho. Amores amenos duram o que tem que durar, sejam noites em casa vendo séries juntos ou baladas intermináveis do começo ao fim do namoro.

Nem a ciência define verdades individuais. Zonas erógenas, teoricamente mapeadas, se invertem e dão um duplo twist carpado sendo descobertas sem querer pelo companheiro ou em um sexo inesperado.

Se nem isso é certo e garantido, até quando vamos pregar a liberdade do ser, a desconstrução da sociedade, do corpo e vamos listar comportamentos, fases e dicas infalíveis, quando cada um é um infinito de possibilidades?

Listar “10 maneiras de pensar fora da caixa” pode acabar sendo sair de uma caixa e entrar em outra.

Foto: Richard Vantielcke

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